Ler jornais virou um exercício
diário de masoquismo. Ver TV é assistir todos os dias a seriados de terror
sobre pestes e pandemias, sendo um dos vírus-vilões o corona.
Como, porém, não dá para evitar
esse sofrimento permanente na quarentena, a única defesa é pensar, lembrar,
nostalgiar. Numa dessas, vieram-me à memória palavras e expressões da minha infância
e juventude.
A primeira, do tempo de menino,
foi a expressão “cavalão xucro”. Animal não domado e difícil de controlar,
arisco, irracional, corcoveador, escoiceador, até mordedor, não aceita arreio,
nem cabresto, nem freio nos dentes, muito menos que alguém o monte. Alguns
filmes de faroeste mostram bichos assim, muitas vezes bonitos, sempre
impetuosos e violentos. Portanto, inúteis para o trabalho.
Meu pai, quando jovem,
gostava de domar cavalos assim, segundo contava minha avó. Por isso a expressão
“cavalão xucro” ficou nos anais da família e frequentemente me vem à lembrança,
ao ler ou assistir ao noticiário.
Outra palavra que emergiu do
meu passado num desses momentos é “cotruco”. Pelo dicionário, isso significa
“mascate”, vendedor ambulante. Mas, na linguagem de caserna do meu tempo de
serviço militar no 4º Regimento de Infantaria, em Quitaúna, “cotruco” era muito
usado para desqualificar alguém como um sujeito grosseirão, estúpido, meio
cretino, burro, primário.
“Fulano é um cotruco”. Era
assim que a gente se referia a um sujeito ignorantão, abrutalhado, metido a
valente – e totalmente desprovido de bom-senso e civilidade.
Tem muito cotruco cavalão xucro, sem
cabresto, em disparada desembestada por aí.
Bravo, AMIGO VELHO!
ResponderExcluirCom certeza! O número de cotrucos é assustador. Triste realidade.
ResponderExcluirNemércio, muita saudade. Estou temeroso de sair ás ruas e tomar uma patada. Seja do chucro Capitão seja do Coronus que anda estapeando todos que vê pela frente. Tempos de porrada. Por isso voltei a andar com o meu soco-inglês, relíquia dos meus tempos no Brás. Põe tempo nisso.
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