Esse dado constrangedor, absurdo – mas não supreendente,
para quem é responsável pelo recrutamento de fucionários nas empresas e
organizações e por isso conhece no dia-a-dia a pobreza intelectual da grande
maioria dos candidatos – mostra como anda mal nosso ensino e o muito, mas muito
mesmo, que precisa ser feito para sairmos desse pântano de ignorância.
Mas também explica, ou pelo menos ilumina, alguns outros
fenômenos que interessam a quem lida com Assuntos Institucionais Empresariais.
Explica, por exemplo, por que razão os jornais e revistas no
Brasil têm circulação relativamente minúscula, num país de 200 milhões de
pessoas. Pudera! Se nem universitários entendem direito o que leem, claro que a
imensa maioria da população não vai gastar dinheiro em publicações que precisam
ser lidas.
De outra parte essa tragédia está na raiz também de serem o
radio e a televisão tão populares: não precisam ser lidos, só vistos e ouvidos.
E quanto mais medíocre e ralo o conteúdo, maior a audiência.
Para os responsáveis pela comunicação entre as empresas, a
comunidade e a opinião pública, essa vergonha nacional mostra claramente por
que precisam buscar meios diversos do texto escrito para alcançar a eficácia.
De nada adianta fazer apenas um magnífico folheto ou jornal em papel brilhante,
se nem os universitários conseguem entender direito o que está escrito.
O que vale são imagens e sons, textos falados. Quanto a
textos escritos, só com frases curtas, letras grandes e orações diretas. Nada
de volteios de estilo e rebuscamentos eruditos.
Quem dorme feliz com esse quadro revoltante são os maus
políticos, que não se preocupam muito com prejuízos eleitorais que poderiam ser
causados pelas denúncias que lhes são feitas diariamente, caso tivéssemos uma
população melhor educada. “O povo não está nem aí”, pensam – e até dizem –
sobre essa questão.
Claro. Se nem universitários entendem o que leem...
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