Saia já correndo e vá assistir a Conspiração e Poder, principalmente se você é jornalista ou trabalha
em algum ramo de Comunicação. É bem melhor que Spotlight, também muito bom
e que ganhou o Oscar.
O filme levanta, com tensão de história de suspense, diversas
questões como a precisão jornalística na apuração de informações, checagem de
fontes, o valor e o custo do jornalismo na televisão, a relação de dependência
entre governantes e empresas de TV (concessão pública).*
Não vou aqui contar a história do
filme (vá procurá-lo), mas, em resumo, pouco antes da eleição presidencial de
2004 nos EUA, a produtora Mary Mapes, do programa 60 Minutes, da CBS, os jornalistas de sua equipe e o consagrado âncora
Dan Rather foram investigados e a seguir demitidos por terem publicado uma
reportagem indicando que o presidente George W. Bush, que concorria à
reeleição, havia escapado à convocação para servir na guerra do Vietnã, por ter sido
favorecido por oficiais da Guarda Aérea Nacional do Texas.
À parte os dramas pessoais (Cate
Blanchett faz o papel de Mary Mapes e Robert Redford é Dan Rather), algumas
questões em que o filme faz pensar:
1. A
obrigação de checar e rechecar exaustivamente a veracidade de suas informações,
seja você jornalista, profissional de Comunicação ou de qualquer outro ramo de
atividade;
2. A
necessidade de ter uma atitude cética para com a acurácia dessas informações,
nunca cedendo ao desejo, esperança ou crença de que elas estejam corretas;
sempre procurar pelo em ovo, ter vontade de achar os erros e as falhas;
3. Não
abrir mão desse dever por pressão do tempo, do chefe ou do cliente; a rigor sua
reputação depende mais da precisão e eficácia do que de cumprir horário;
4. O
dever de todos de coibir o favorecimento dos poderosos às elites, a fim de purificar a
democracia – seja qual for a elite, qualquer o lugar no mundo e através de toda
a História;
5. A
imbricação de interesses entre governantes e empresas de mídia, com reflexos
sobre a liberdade de imprensa, o direito da sociedade à informação e a
oligopolização do mercado publicitário e da opinião pública;
6. O
poder crescentemente avassalador da internet e das redes sociais e sua
capacidade de patrulhamento e de destruição de reputações;
7. A
função social dos programas jornalísticos na televisão, apesar de seu alto
custo de realização para as empresas de mídia.
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