domingo, 17 de maio de 2020
Empresa, Comunidade e Opinião Pública: Não fui noticia pr´o Maklouf. Bolsonaro é.
Empresa, Comunidade e Opinião Pública: Não fui noticia pr´o Maklouf. Bolsonaro é.: Um grandíssimo repórter nos deixou. Luiz Maklouf Carvalho. Das páginas, já o conhecia e admirava. Mas encontrei-o pessoalmente quando, uns...
Não fui noticia pr´o Maklouf. Bolsonaro é.
Um grandíssimo repórter nos deixou. Luiz Maklouf Carvalho. Das
páginas, já o conhecia e admirava. Mas encontrei-o pessoalmente quando, uns
anos atrás, ele fazia uma matéria para Piauí
sobre empresas de Relações Públicas – procurando, como sempre agem os repórteres
que fazem a diferença em seu ofício, alguma linguiça por debaixo do angu.
Minha admiração aumentou. Mas não fui notícia. Conversamos
longamente, dei-lhe carona até a estação do Metrô mais próxima, porém minha
conversa não deu samba. A reportagem saiu, mas eu não estava lá.
Sempre, desde antes desse episódio, acompanhei as matérias
com sua assinatura. Era uma grife do Jornalismo com caixa alta. Principalmente, nos últimos anos, no Estadão, com destaque para os textos
sobre os tempos de quartel da pessoa que ocupa hoje o Palácio do Planalto.
As constatações que Maklouf fez sobre esse assunto depois
viraram livro (“O Cadete e o Capitão: A Vida
de Jair Bolsonaro no Quartel”, Editora Todavia), uma apuração jornalística cirúrgica
sobre os primeiros anos de vida e principalmente a respeito do processo em que
o atual presidente foi acusado pelos próprios militares de planejar um atentado com
bombas contra quarteis, em campanha por aumento de soldo, após ter publicado um
artigo assinado com essa reivindicação na revista Veja.
O processo incluía até desenhos explicando como se acionava
uma bomba, que Veja atribuiu ao então
capitão, o qual os teria entregue pessoalmente à repórter da revista.
No fim foi absolvido, de forma, segundo a apuração de
Maklouf, bastante nebulosa. Logo em seguida saiu do Exército e virou político,
sempre no baixo clero, durante quase 30 anos.
Convido todos os que desejarem conhecer melhor o notável
jornalista Luiz Maklouf Carvalho e todos os verdadeiros cidadãos de bem deste
País que tiverem na alma e no coração o bem do Brasil a lerem seu livro.
segunda-feira, 4 de maio de 2020
Cotruco xucro
Ler jornais virou um exercício
diário de masoquismo. Ver TV é assistir todos os dias a seriados de terror
sobre pestes e pandemias, sendo um dos vírus-vilões o corona.
Como, porém, não dá para evitar
esse sofrimento permanente na quarentena, a única defesa é pensar, lembrar,
nostalgiar. Numa dessas, vieram-me à memória palavras e expressões da minha infância
e juventude.
A primeira, do tempo de menino,
foi a expressão “cavalão xucro”. Animal não domado e difícil de controlar,
arisco, irracional, corcoveador, escoiceador, até mordedor, não aceita arreio,
nem cabresto, nem freio nos dentes, muito menos que alguém o monte. Alguns
filmes de faroeste mostram bichos assim, muitas vezes bonitos, sempre
impetuosos e violentos. Portanto, inúteis para o trabalho.
Meu pai, quando jovem,
gostava de domar cavalos assim, segundo contava minha avó. Por isso a expressão
“cavalão xucro” ficou nos anais da família e frequentemente me vem à lembrança,
ao ler ou assistir ao noticiário.
Outra palavra que emergiu do
meu passado num desses momentos é “cotruco”. Pelo dicionário, isso significa
“mascate”, vendedor ambulante. Mas, na linguagem de caserna do meu tempo de
serviço militar no 4º Regimento de Infantaria, em Quitaúna, “cotruco” era muito
usado para desqualificar alguém como um sujeito grosseirão, estúpido, meio
cretino, burro, primário.
“Fulano é um cotruco”. Era
assim que a gente se referia a um sujeito ignorantão, abrutalhado, metido a
valente – e totalmente desprovido de bom-senso e civilidade.
Tem muito cotruco cavalão xucro, sem
cabresto, em disparada desembestada por aí.
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