quarta-feira, 14 de julho de 2021

Para a Suzano, ter menos de 1/3 de mulheres na liderança vai custar caro

 Um dito popular em inglês é “Put your money where your mouth is”. O significado em português é mais ou menos “Chega de conversa e bota o dinheiro na mesa”.

É o que a produtora de celulose e papel Suzano resolveu fazer, segundo reportagem publicada pela Folha de S.Paulo no último dia 11 de Julho.

A empresa anunciou que, caso até 2025 não tenha pelo menos 30% de mulheres em sua liderança (do nível de gerência para cima), pagará valor mais alto a seus investidores que possuam títulos de dívida atrelados à agenda ESG, a sigla que agora representa sustentabilidade.

Segundo essa agenda, cuidar do meio ambiente e atuar pela melhora da qualidade de vida da sociedade passam a ser cada vez mais deveres das empresas, ao lado da prosperidade financeira e de atitudes institucionais como transparência, diversidade, reciclagem, economia de recursos naturais e outras.

A iniciativa da Suzano, grande empresa de capital nacional, reforça uma previsão feita em relatório sobre o Brasil, publicado há quatro anos pelo norte-americano CFA Institute,  que reúne profissionais ligados a investimentos, como gestores de portfolios, especialistas e analistas financeiros.

Segundo esse relatório, no Brasil, as questões ligadas à governança (predominantemente referentes aos resultados financeiros) já eram sistematicamente integradas aos processos de investimentos em 2018, mas, nos cinco anos seguintes, previa-se o crescimento da importância das temáticas ambiental e social, ao lado da governança.

Em comparação com outros países, ainda segundo o CFA Institute, a publicação de informações sobre os temas de ESG foi considerada muito alta na época, em todos os setores. No entanto havia preocupação sobre a qualidade dos dados publicados e também sobre greenwashing (ou seja, falta de materialidade no que era divulgado pelas empresas, mais conversa do que substância).

A decisão formal da Suzano, agora, de gastar mais dinheiro se não atingir a meta de diversidade empenha de forma concreta a empresa com o compromisso material de cumpri-la efetivamente, não apenas anuncia-la “da boca p´ra fora”.

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